O aborto de repetição é definido como a ocorrência de três ou mais interrupções involuntárias consecutivas da gravidez antes da 22ª semana de gestação, cujo risco de ocorrer aumenta com o avançar da idade.
São várias as possíveis causas, por isso, deve ser feita uma avaliação do casal, realizados exames ginecológicos e genéticos, e ainda feita uma avaliação do histórico familiar e clínico.
Causas mais frequentes do aborto de repetição
Alterações genéticas
As anomalias cromossômicas fetais são a causa mais comum de aborto espontâneo antes das 10 semanas de gravidez. Os erros mais comuns são a trissomia, poliploidia e monossomia do cromossoma X.
O exame de análise citogenética deve ser realizado a partir da terceira perda consecutiva. Caso revele anomalias, deve-se proceder à análise do cariótipo através do sangue periférico do casal.
Anomalias anatômicas
As anomalias uterinas, como malformações müllerianas, miomas, pólipos e sinéquias uterinas, podem também estar associadas a aborto recorrente.
Todas as mulheres que sofrem de aborto de repetição devem ser submetidas a um exame da cavidade uterina, através de ecografia pélvica com sonda transvaginal 2D ou 3D e histerossalpingografia, que podem ser complementadas com endoscopia.
Alterações endócrinas ou metabólicas
Algumas das alterações endócrinas ou metabólicas que podem estar na origem de aborto de repetição são:
Diabetes
Em alguns casos, mulheres com diabetes não controlada têm um elevado risco de perda e malformação fetal. No entanto, se a diabetes mellitus estiver bem controlada, não é considerada um fator de risco para aborto.
Disfunção da tireoide
Assim como na diabetes, mulheres com distúrbios da função tiroideia não controlada, têm também um risco aumentado de sofrer de um aborto espontâneo.
Alterações na prolactina
A prolactina é um hormônio com grande importância para a maturação endometrial. Assim, caso este hormônio esteja muito alto ou muito baixo, o risco de aborto espontâneo também está aumentado.
Síndrome do ovário policístico
A síndrome do ovário policístico tem sido associada a um risco aumentado de aborto espontâneo, mas ainda não se sabe ao certo qual o mecanismo envolvido.
Obesidade
A obesidade está associada a um aumento significativo do risco de perda espontânea da gravidez no primeiro trimestre.
Alterações na fase lútea e deficiência de progesterona
Um corpo lúteo funcional é essencial para que o sucesso da implantação e para a manutenção da gravidez na sua face inicial, devido à sua importante função na produção de progesterona. Assim, alterações na produção deste hormônio podem também levar à ocorrência de um aborto espontâneo.
Trombofilias
As trombofilias são doenças que provocam alterações na coagulação do sangue e que aumentam a chance de formar coágulos sanguíneos e causar tromboses, que podem impedir a implantação do embrião no útero ou provocar abortos. Geralmente, as trombofilias não são detectadas em exames de sangue comuns.
Causas imunológicas
Durante a gestação, o embrião é considerado um corpo estranho pelo organismo da mãe. Para isso, o sistema imune materno tem que se adaptar para não rejeitar o embrião. No entanto, em alguns casos, isto não acontece, levando à ocorrência de abortos ou à dificuldade para engravidar.
Embora na maior parte dos casos se possam determinar as causas do aborto de repetição, existem situações que permanecem sem explicação.
Dra. Beatrice Nóbrega, ginecologista e especialista em Reprodução Humana – CRM 52 106220-4
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