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Pré-eclâmpsia é uma das principais causas de mortalidade materna

A doença aumenta os riscos para o bebê e também para a mãe durante a gravidez e está entre as principais causas da mortalidade materna no Brasil. Saiba quais os cuidados para evitá-la e entenda por que um pré-natal bem-feito é tão importante

“Amo crianças e, dois anos depois de casar, resolvemos tentar engravidar. Porém, as coisas não foram tão fáceis e tive duas gestações que não passaram de 12 semanas. Resolvi investigar o motivo, troquei de médico, fiz vários exames e descobri que tinha trombofilia hereditária, uma doença que causa alteração na coagulação sanguínea, o que aumenta o risco de obstrução dos vasos. Além disso, meu histórico familiar apresentava casos de hipertensão e pré-eclâmpsia.

Devido à dificuldade de engravidar, fiz inseminação artificial e, na segunda tentativa, vieram gêmeas. Então, fui orientada a usar o anticoagulante injetável desde o início da gravidez e cuidar bastante da alimentação, coisa que já fazia.

Com 25 semanas, comecei a notar um ganho de peso fora do normal e muito inchaço. Lembro até hoje: calço 34 e comprei uma rasteirinha tamanho 40, que, mesmo assim, não entrava nos meus pés! Por recomendação médica, passei a fazer mais repouso, a ficar com as pernas para cima e a fazer caminhadas curtas.

Mesmo cuidando da alimentação, já havia engordado 19 kg ao chegar na trigésima semana. Um dia antes de completar 30 semanas, passei mal à noite, com muita dor de cabeça, náusea e tontura. Eu tinha comprado um aparelho para aferir a pressão, meu marido resolveu averiguar e deu alta, em torno de 15 x 10. Ligamos para o médico, que estava em uma formatura, e ele disse ‘vá já para o hospital, estou saindo daqui e encontro você lá’.

Fiquei bem nervosa, morria de medo que algo pudesse acontecer com as meninas.”

Quem faz esse relato é a advogada Laís Dandas, 31 anos. Ao ser examinada, ela foi internada e fez exames, que acusaram alta concentração de proteína na urina, um indício de sobrecarga nos rins. “O médico me explicou que se tratava de pré-eclâmpsia, mas que era para eu me acalmar, que ficaria alguns dias no hospital tomando medicação para ver como meu corpo reagiria”, conta. Laís passou quatro dias internada, sob medicação, e a pressão estabilizou. Então, foi liberada para voltar para casa, mas ainda tomando remédios.

“Fazia ultrassom toda semana e, ao completar 33 semanas, o médico achou melhor começar com corticoide para fortalecer o pulmão das meninas – já contando com a possibilidade de parto prematuro das gêmeas. No dia em que completei 35 semanas, fui à consulta de rotina, o médico viu que a pressão estava um pouco alta e achou melhor me internar para realizar a cesárea”, diz. Glória e Marina nasceram com cerca de 2.300 kg  cada uma e saudáveis. Laís manteve o anticoagulante por mais duas semanas, além de tomar a medicação e monitorar a pressão por mais um mês, até ter alta completa. “Mas continuava inchada, só voltei a usar meus sapatos quase dois meses após o parto! Estou bem feliz com as meninas e não pretendo ter mais filhos, minha gestação foi muito complicada”, diz.

A história de Laís é mais comum do que você imagina e, infelizmente, nem sempre com final feliz. A pré-eclâmpsia está entre as principais causas da mortalidade materna, e vem crescendo no Brasil, mesmo diante de todo o avanço da medicina. Hoje, no país, o índice de mortalidade está em 64,5 óbitos maternos para cada 100 mil nascidos vivos – número bem acima da meta firmada com a Organização das Nações Unidas (ONU), que é de 30 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos até 2030, conforme os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. E muito disso – 20%, segundo dados do Ministério da Saúde – se deve ao grupo das doenças hipertensivas. Nele, estão incluídas a eclâmpsia (52%) e a pré-eclâmpsia (44%), praticamente com metade das mortes para cada.

Mas, afinal, o que é pré-eclâmpsia?


Você deve estar pensando “ok, já entendi que a coisa é séria e preciso me cuidar, mas então o que é exatamente essa doença e o que devo fazer?”. Vamos por partes: a pré-eclâmpsia é uma doença que pode aparecer tanto na gestação quanto no pós-parto, caracterizada por aumento da pressão arterial associado a alguma disfunção de órgãos (rim, fígado, cérebro) e presença de proteína na urina.

Acontece uma falha no momento em que a placenta penetra no útero materno, o que gera uma modificação dos vasos placentários, reação inflamatória que propicia pressão alta e outras alterações. “A causa é desconhecida, mas, provavelmente, multifatorial. Existem determinados fatores de risco para pacientes terem essa doença, como pré-eclâmpsia na gestação passada, IMC (índice de massa corporal) maior que 25, diabetes prévio à gestação, hipertensão crônica, gestação múltipla, lúpus, histórico familiar de pré-eclâmpsia, entre outros”, explica a ginecologista e obstetra Fernanda Mauro, do Grupo Perinatal (RJ).

O descuido na alimentação pode ter sido uma das causas da doença para a empresária Andressa Vecino, 34 anos, mãe de Pedro, 8. “Eu tinha uma péssima alimentação, comia muita besteira. Engordei 27 kg na gravidez e fiquei bem inchada. Também trabalhava demais. Comecei a ter pressão alta no sétimo mês de gestação e, quando estava com 39 semanas, passei por um episódio de estresse enorme e minha pressão começou a oscilar, atingindo picos em que a máxima chegava a 18. O coração do Pedro ficou bem fraquinho e eu estava muito inchada, então foi feita a cesárea de emergência. Os exames de sangue que fiz indicaram que a coagulação do sangue já estava crítica, mas após o parto voltou ao normal. O médico disse que foi o início do processo da síndrome de hellp”, lembra. Essa síndrome pode acontecer a qualquer momento do quadro e é um subtipo grave da pré-eclâmpsia, quando a paciente evolui com perda da função hepática, hemólise (destruição de células vermelhas do sangue), coagulopatia (diminuição da capacidade de coagulação) e queda de plaquetas.

A importância de se alimentar de forma saudável durante a gestação já é amplamente comprovada e, recentemente, foi relacionada também à redução do risco de desenvolver a doença. Um estudo da Universidade de Sydney, na Austrália, em parceria com a Barwon Infant Study from Deakin University, Monash University, James Cook University e Australian National University, descobriu que níveis reduzidos de acetato, que é produzido principalmente pela fermentação de fibras no intestino, estão associados com a pré-eclâmpsia. Ou seja, uma dieta saudável e rica em fibras melhora a flora intestinal e ajuda a diminuir os riscos.

Difícil de reconhecer


A pré-eclâmpsia é uma condição bastante séria, entre outros motivos, também por acontecer sem a presença de sintomas específicos ou por ser confundida com alterações normais da gravidez. Por isso, mais uma vez, é tão importante levar o pré-natal a sério.  A funcionária pública Adriana Meneguine, 45 anos, teve pré-eclâmpsia em sua segunda gestação. Mãe de Henrique, 16, e Caio, 5, ela sofreu com pressão alta já com oito semanas de gravidez e, logo depois, a pré-eclâmpsia foi diagnosticada. Precisou ser internada em três ocasiões para controlar a pressão, mas Caio nasceu de 38 semanas, sem complicações para ele ou a mãe. “Tudo acabou bem devido ao acompanhamento bem próximo do médico e do uso de medicamentos. Ter a orientação certa e fazer o pré-natal corretamente foram de grande ajuda para meu filho nascer saudável”, diz Adriana.

Fonte: Revista Crescer

Dra. Fernanda Mauro, ginecologista e obstetra da Perinatal.

CRM: 52-995185

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